quinta-feira, 13 de julho de 2023

29 de Março de 2023 # Ana Ôdi, FB

 Faz tempo, muito mesmo, que não me entretenho por aqui...

Tentar entrar nas duas páginas que, (ainda?!), mantenho, é um quebra-tolas dos diabos.

Vou ter que fazer um exercício suplementar, de outro modo terei de parar definitivamente.

Aos interregnos a que fomos obrigados por força das circunstâncias acresceram as preocupações consequentes da passagem do tempo - envelheci, e a família, se já era uma prerrogativa, agora é um imperativo.

A mãe Quitéria está com 95 anos mimados, absorventes, desgastantes...

Esta sina de ser mulher, apesar de sermos dois os filhos que teve, tem um quê de amargor no peso que, em consciência, sinto no nublar do meu olhar, e na modorrenta fraqueza, que me assiste em constante atonia das minhas volições.

Haja Deus!


                                                         Ramada, 13/07/2023, (21h:50')

quinta-feira, 6 de julho de 2023

 

Amar é perder

O imprevisível acontece.

Despontamos para a vida, que, imperativamente, se impõe nos escaninhos das nossas fímbrias.

Sonhamos, nas conversas sustentadas, nas interrogações que a nossa ignorância demonstra, em busca de respostas. Nem sempre são tão aceitáveis, como nos querem fazer crer. Idealizamos alternativas outras para os dados que conhecemos, para as pressupostas saídas, que — (supomos,,,) —, são tão evidentes perante as situações e/ou relações, que nos parecem menos certas.

Nada disso se desenrola como queremos, ou forjamos, para que se torne uma realidade outra da que nos cerca.

A sociedade coarcta-nos realizações, que pairam ao alcance da alma, das mãos, e das sensações.

Já nada é para sempre.

Que prazer mórbido existe na maioria das pessoas em destruir sonhos, em gerar apatias e fugas à nossa premente necessidade, (como um imperativo categórico), de sermos minimamente felizes.

Acontece, por tal facto, haver tanta gente infeliz, ou, quando mais não seja, distante de si mesma, adormentada pela certeza, vivenciando dois mundos diversos, desagregados um do outro, alimentando lonjuras, sofreando fruições, esquecendo — (ou crêem que assim é) — que, se cá estamos, temos que proporcionar, a nós e aos outros, a possibilidade de sermos completos, felizes, razão primordial para se querer à vida, para lutarmos por ela, para a sentirmos integralmente, bailando no olhar, e num sorriso sempre presente.

A vida é simples, e, no entanto, só a complicamos em descrenças, desavenças e maus amores. Entregamo-nos a eles com afinco. Podíamos aproveitar todos esses esforços muito mais proficuamente. Termos noites tranquilas e repousadas, em prolongamento de sonhos, de imagens, que nos alegrariam veredas cerebrais. Acordar num novo dia cada vez melhor — seríamos capazes de grandes e imediatas resoluções, sem pensarmos no que se seguiria depois.

É disto que se faz a maioria das relações, que, prática comum, nos dias que correm, descambam em ruptura,violência, desconformidade.

Mas uma das partes é a que mais sofre.

Marcas que o tempo subsequente jamais apaga. Marcas que determinam que não possa, na maioria das circunstâncias, haver redenção, ou, pelo menos, fazer-nos acreditar que há uma porta, que um dia se poderá abrir para o caminho certo.

Já alguém disse, — (Picasso?) — que “a vida é uma obra de arte em que não existe borracha”.

 

                                 Ramada, 04/04/2023, (00h:10’)

                                 Ana Oliveira Dias              a.oliveiradias@gmail.com 



Nota Avulsa:

Por problemas - (para mim demasiados) - com a transferência da comparticipação, desisti de participar na Antologia AMOR, PAIXÃO E CONSEQUÊNCIA, proposta pela editora brasileira Merari Tavares. Aqui fica, em arquivo, o que produzi na altura.

                                                                            Ramada, 06/07/2023